Análise do potencial antioxidante da geoprópolis da mandaçaia (Melipona mandacaia)

Sociedade Brasileira de Química (SBQ) 35a  Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química

1 Laboratório de Bioprospecção Fitoquímica, Departamento de Ciências Moleculares-UFRPE, Recife, Pernambuco. 2 Colegiado de Zootecnia, Universidade Federal do Vale de São Francisco-UNIVASF, Petrolina. Palavra-chave: mandaçaia, melípona, geo própolis, antioxidante, fenólicos.
Introdução  A abelha sem ferrão mandaçaia (Melipona mandaçaia) é típica da região semi-árida, está
distribuída do norte do estado de Minas Gerais, atravessando o estado da Bahia até a divisa com
Pernambuco. É encontrada somente na caatinga de domínio das bacias do rio São Francisco
e seus produtos mel, geo própolis e o pólen são bem conhecidos pela população local. O desenvolvimento da criação racional das colônias dessa abelha possibilita a exploração econômica de seus produtos, que serve de suporte econômico para muitas pessoas proporcionando-lhes uma fonte alternativa de renda

2. Geo própolis é um tipo especial de própolis preparado pelas abelhas sem ferrão (Meliponinae), é uma mistura de resinas de plantas misturadas com ceras e terra. A Melipona mandaçaia utiliza a geo própolis para a proteção dos seus ninhos contra inimigos. Geralmente é de consistência dura e coloração vermelha,
característica do barro da região

3. Dando continuidade aos estudos com os produtos da mandaçaia, é apresentado a análise do teor de
fenólicos totais e o potencial antioxidante através dos testes antiradicalares da geopropolis. Resultados e Discussão A amostra da geo própolis (505,3g) foi coletada na cidade de Juazeiro-Bahia em 2011. O material foi submetido à extração com etanol, obtendo-se 53,4 g de extrato. O extrato EtOH foi solubilizado com MeOH:Água (1:1) e particionado com hexano e AcOEt fornecendo as frações hexânica (8,8g),
AcOEt (36,6g) e MeOH:Água (0,9g). Com o extrato EtOH e as frações foram realizados os ensaios teor
de fenólicos totais (Folin-Ciocalteu)4, atividade seqüestradora de radical livre ABTS•+ (padrão
trolox)5 e DPPH• (padrão ácido ascórbico)6 .

Os testes foram realizados em triplicata e os resultados estão na Tabela 1. Tanto o extrato como as frações analisadas apresentaram atividade antirradicalar, sendo o extrato EtOH e a fração AcOEt mais ativos, provavelmente devido a presença dos fenólicos. Quando comparados com os resultados obtidos para o mel da mesma abelha, a eficiência antirradicalar da geopropolis é bem superior. A fração AcOEt (31g) foi filtrada em Sephadex LH-20 com MeOH. As frações obtidas foram analisadas por cromatografia em camada delgada analítica (CCDA) e reveladas com reagente NP mostrando a presença de vários flavonoides. Estes flavonoides estão sendo isolados para identificação. Tabela 1. Teor de fenólicos totais e atividade antirradical ar dos extratos e frações da geoprópolis da abelha mandaçaia.

Frações Fenólicos Totais
mgEAG/g* DPPH• (CE50) g/mL ABTS•+ (CE50) g/mL MeOH 81,4 ± 0,9 49,9 ± 0,5 29,9 ±1,8
AcOEt 320,5 ± 4,3 5,6 ± 0,0 3,9 ± 0,0 Hexano 61,6 ± 2,5 244,4 ± 2,2 43,2 ± 1,6 EtOH 279,6 ± 4,4 7,3 ± 0,1 5,1 ± 0,1 Trolox -- -- 1,9 ± 0,0 Ác. ascórbico -- 3,5 ± 0,0 -- *miligramas equivalente de ácido gálico por grama de extrato.

 Conclusões:  Os resultados mostraram que a geo própolis da mandaçaia apresentou elevada atividade antirradical ar, mostrando o potencial antioxidante. Esta atividade pode ser devido a presença dos fenólicos, principalmente dos flavonoides. O estudo com a geo própolis da mandaçaia é inédito.

Agradecimentos

CENAPESQ, CNPq e PPBio
1Neves, E. L.; Castro, M. S. Bol. Infor. 2006. 2, 1-2 2
Souza, B. A.; Carvalho, C. A.; Alves, R. M. O.; Dias, C. S.; Clarton, L.
Sér. Meli. 2009. 07, 01-02. 3Nogueira-Neto, P. Rev. Bras. Biol. 1948. 8(4), 465-488.
4 Slinkard, K., Singleton, V. L. Am J Enol Vitic. 28, 49-55. 5Re, R.; Pelegrini, N.; Proteggente, A.; Pannala, A.; Yang, M.; Riceevans, C. J. Free Radic. Biol. Med. 1999. 20, 1231-1237. 6 Silva, T. M. S.; Camara, C. A.; Lins, A. C. S.; Barbosa-Filho, J. M.; Silva, E. M. S.; Freitas, B. M.; Santos, F. A. R. J. Food Compos. Anal. 2006, 19, 507-511. 7 Pinto, F. C. T.; Da Silva, P. R.; Camara, C. A.; Silva, T. M. S. 2011. II  Simp. Plan. Med.do Vale do São Francisco.

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